O Lugar Da Água E Da Luz - Estudo Teológico E Pastoral Do Batistério

O livro que tem entre mãos é fruto de uma ousadia. Com efeito, entrar no mistério da água e da luz já não seria pouco. Mas o Autor oferece-nos falar do seu lugar no mistério da realidade primordial da relação do ser humano com Deus: o Batismo.

Para significar o que se passa nesse desenho de pessoas, frases e gestos, serão necessárias sempre muitas palavras a dar corpo a frases, postas ao serviço de outras tantas intuições: incipientes, quebradiças, mas válidas, apesar de tudo.

O Autor testemunha, suficientemente (para o seu objetivo), como ao longo dos tempos, desde o princípio, os lugares, as formas, os recursos sensíveis, na sua complementar variedade, foram fazendo caminho. Um sinal inequívoco de que não falamos apenas com palavras. Às vezes, nem são o melhor instrumento para exteriorizar o que, mais ou menos confusamente, nos vai na alma.

Posta esta primeira pedra, passa para a evocação do que os padres (pais) conciliares, do II Concílio do Vaticano, nos legaram em matéria tão sensível como a Liturgia e, nela, o Batismo. Aqui, jogando nós com as palavras, poderíamos arriscar dizer que a água e a luz fizeram o que delas se espera: lavaram e iluminaram. É que, às vezes, o tempo também suja e obscurece.

Com estes dois tipos de material consistente, fica suficientemente fundado o alicerce. Em seguida, começa a construir o que tinha prometido: batistérios da Diocese do Porto. Felizmente não pôde ser exaustivo: são muitos (ou bastantes) os exemplos de uma busca, expressiva de sentido, que não retroceda no caminho andado. Teve o bom gosto (talvez por feliz desconhecimento!) de não recordar infelizes soluções, supostamente engenhosas, que chegaram até às “bacias de plástico”. Mas, isso, felizmente, já lá vai (acho eu!).

Na apresentação de três bons exemplos, deixa perceber que em caminhos tão íngremes, quanto este, não há soluções únicas e dogmáticas. E as linguagens, ao serviço da expressão do mistério, são sempre tentativas. As diferenças, quando bem assumidas, somam, não dispersam.

É gratificante comprovar que, não obstante a origem académica inicial do trabalho (tese de mestrado), o Autor sabe pronunciar-se, conjugando, com sensibilidade, valores estéticos, funcionais, litúrgicos.

Estão postos os alicerces, está construído o primeiro andar: vale a pena continuar na construção da torre que, pelo que fica visto, não será de Babel.

Obrigado P. Luís, ânimo!

X Pio G. Alves de Sousa
Bispo Auxiliar do Porto